CONHECENDO O CORAÇÃO

CONHECENDO O CORAÇÃO

Recentemente, num seminário sobre auscultação, fomos instruídos a colocar os estetoscópios no peito e passar vários minutos ouvindo nossos corações. Éramos todos pessoas de meia-idade e, nos primeiros instantes, nos sentimos ansiosos ao fazer esse autodiagnóstico, temendo detectar algum problema. Porém, à medida que o tempo foi passando, superamos o temor e ouvimos a batida firme e inalterável que estivera sempre ali, mesmo antes de nos tornarmos seres humanos completos. Nossa vida e todas as outras dependiam daquela batida. Aquele foi um encontro profundo e indescritível com o mistério. Ficamos extremamente comovidos. Vínhamos auscultando e diagnosticando corações há vários anos, mas nenhum de nós tinha experimentado aquela experiência antes. Naquele momento vislumbramos algo que ultrapassava a nossa maneira habitual de ver e ouvir e tivemos consciência de que aquilo com o qual lidávamos todos os dias era a própria vida. Foi um momento que meu avô teria abençoado.

Depois disso, fez-se silêncio. Então, um dos cardiologistas presentes começou a falar sobre seu trabalho e disse que não compreendia como era possível estar tão próximo a algo sagrado sem se dar conta. Isso o fazia lembrar-se de uma oração que ouvira há muito tempo. Um tanto constrangido, ele a repetia em voz alta:

“Os dias passam e os anos vão desaparecendo enquanto caminhamos, cegos, no meio de milagres. Deus, faça com que os nossos olhos vejam e nossas mentes sejam capazes de conhecer. Permita que haja momentos em que Sua presença, como um raio, ilumine a escuridão na qual caminhamos. Ajude-nos a enxergar, para onde quer que nossos olhos se voltem, que o arbusto queima sem se consumir. E nós, barro tocado por Deus, buscaremos a santidade e exclamaremos maravilhados: ‘Como este lugar é repleto de uma reverência que nós não conhecíamos!'”

Eu já ouvira a última frase inúmeras vezes antes. Era uma das favoritas de meu avô.

Raquel Naomi Remen no livro As Bênçãos do Meu Avô

Posted on 10 de Novembro de 2017, in Sabedoria. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.

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